sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Capítulo 5 de Pulo do gato

CENA 01 / IMAGENS DO RIO DE JANEIRO

Amanhece.

CORTA PARA:

CENA 02 / INTERIOR / MORRO D’AGUA / CASA GILBERTO E TEREZINHA / QUARTO TEREZINHA / TARDE

Gilberto entra no quarto e dá um beijo na testa de Terezinha, que está dormindo.

GILBERTO – Prometi que ia cuidar de você, e vou cumprir minha promessa.

Em seguida, sai para trabalhar. Alguém que está dentro do armário observa a cena e sai do armário, sacudindo Terezinha, que acorda assustada.

TEREZINHA – Calixto! Que susto, cacete! (olha para os lados) Mas que palhaçada é essa?! Cadê o Gilberto?!
CALIXTO – Teu irmão já foi embora trabalhar.
TEREZINHA – E alguém te viu entrando aqui?
CALIXTO – Se viu, não sei Terezinha. Vim aqui te trazer uma bomba!
TEREZINHA – Calixto, eu ainda estou traumatizada com o fracasso do assalto ao salão da cabeilerete.
CALIXTO – E vai ficar traumatizada mais ainda quando eu te disser que os bandidos que nos ajudaram no assalto e no falso sequestro vão sequestrar o ônibus em que seu irmão está caso você não pague eles.

Terezinha se levanta da cama.

TEREZINHA – (assustadíssima) Como assim?! Mas o assalto não deu certo! Não tenho culpa se os incompetentes os bandidos não procuraram o cofre direito!
CALIXTO – E deu tempo, Terezinha?!
TEREZINHA – Tudo culpa daquela seborreia ambulante da SELMA! Vou lá dar um tapa na cara dela e/
CALIXTO – /Você não vai fazer nada! Aliás, vai sim: tentar tirar teu irmão desta enrascada!
TEREZINHA – Então me deixa vestir, aqui.

Terezinha troca de roupa e sai correndo de casa.

CORTA PARA:

CENA 03 / MORRO D’ÁGUA / SALÃO SAUDITA / TARDE

Selma está trabalhando quando Gilberto aparece na porta do salão. As moças ficam ouriçadas, principalmente Laura Dagmar.

L. DAGMAR – (oferecidas) Oi, Gil. Veio cortar os pen... digo, cabelos?
GILBERTO – Hoje não, Laura. Vim aqui para falar com a Selma.
SADREIA – (para Laura) Toma Dagmar.
SELMA – (surpresa) Comigo?
GILBERTO – É. (se aproxima) Vim aqui agradecer por ter acompanhado a Terezinha até a delegacia e ligado para a polícia.
SANDREIA – QUEM LIGOU FUI EU!
GILBERTO – Obrigado também, Sandreia.
SANDREIA – (derretida) Obrigada...
GILBERTO – Bem... É só isso.

Ele beija a mão de Selma e de Sandreia, deixando Laura enciumada. Em seguida, ele vai embora e encontra Estevão na porta. Os dois se cumprimentam e ele segue para o ônibus.

ESTEVÃO – O que ele queria Selma?
SELMA – Veio agradecer a mim e a Sandreia por nós termos ajudados a irmã dele e etc.
ESTEVÃO – Bem, vou indo pro trabalho. Hoje eu pego mais tarde.
SELMA – Te vejo mais tarde.

Os dois dão um selinho e ele vai para a obra.

L. DAGMAR – Sortuda, hem, Selma!
SELMA – (rindo) Cala a boca, Dagmar!

O salão continua a todo o vapor.

CORTA PARA:

CENA 04 / INTERIOR / COSMÉTICOS BRASIL / ESCRITÓRIO / TARDE

Antônio está trabalhando quando Beto entra.

ANTÔNIO – Que liberdade é essa?! Entrando assim no meu escritório!
BETO – (afobado) Sua mulher, Antônio. Tá aí fora querendo falar contigo. Mando ela entrar?
ANTÔNIO – Mas o que essa criatura quer?
BETO – Acho melhor deixa-la entrar para saber.
ANTÔNIO – Então mande.

Beto sai e Laura entra com uma fatura de cartão de crédito na mão.

LAURA – Por que a empresa de cartão de crédito me mandou esta fatura de atraso no pagamento?
ANTÔNIO – Sei lá! Quem compra é você, não sou eu!
LAURA – Mas que paga é você!
ANTÔNIO – Perdão, meu amor! Esqueci-me de pagar! Quanto é a conta?
LAURA – Dez mil dólares.

Antônio vai lentamente até uma gaveta posta em sua estante e pega cinco maços grossos de notas de cem.

ANTÔNIO – Toma o dinheiro.

Quando Laura vai pegar, Antônio rasga todo o dinheiro e joga no lixo, cuspindo em seguida.

LAURA – NÃO!
Antônio dá um soco em Laura que cai no chão e fica cheia de sangue.

ANTÔNIO – Como você tem a discrepância de vir aqui no meu escritório pra ficar pedindo dinheiro pra fatura de cartão?! Da próxima vez, pede pro Beto. Agora, sai daqui! Anda, vaza!

Laura se levanta cheia de dor e, com a mão no machucado, sai do escritório.

CORTA PARA:

CENA 05 / INTERIOR / COSMÉTICOS BRASIL / SALA DE ESPERA / TARDE

Laura aparece, debilitada e Beto levanta da cadeira para ajudar a mulher do patrão.

BETO – Deixa que eu a leve para um hospital, dona Laura.
LAURA – Não precisa Beto. Estou bem, só tropecei e caí de cara na mesa do Antônio.
BETO – Tem certeza?
LAURA – Tenho.

Laura vai embora e Beto volta a se sentar na mesa de trabalho.

CORTA PARA:

CENA 06 / INTERIOR / MANSÃO BRASIL / SALA / TARDE

Lurdinha acaba de chegar da faculdade e Delma a intercepta rapidamente.

LURDINHA – Que isso, Delma?
DELMA – É que eu preciso falar urgentemente com a senhora.
LURDINHA – Sobre o quê?
DELMA – Sobre a vaga de motorista.

Lurdinha senta com Delma no sofá.

LURDINHA – Conte-me mais.
DELMA – Tenho um candidato perfeito ao serviço.
LURDINHA – E cadê a figura?

Victor Hugo entra.

V. HUGO – Sou eu, senhora.

Lurdinha olha de cima a baixo Victor Hugo.

LURDINHA – Tem carteira?
V. HUGO – Sim. (mostra a carteira de motorista)
LURDINHA – E de onde você conhece a Delma?
V. HUGO – Somos na.../
DELMA – /irmãos, dona Lurdinha. Ele tava morando lá em Santa Maria João dos surdos-mudos, no interior do estado.
LURDINHA – Está contratado. Pode começar amanhã e traga toda a documentação. Delma faça uma massagem no meu dedo mindinho agora.
DELMA – Aquele do joanete?
LURDINHA – Esse mesmo e depressa. Estou muito estressada: tive prova na faculdade hoje.

Delma, encabulada, tira o sapato da patroa e começa a massageá-la.

V. HUGO – (encabulado) Bem, eu vou embora.
LURDINHA – Tchau, senhor...
V. HUGO – Victor Hugo.

Victor Hugo vai embora e Delma continua a massagear a patroa.

CORTA PARA:

CENA 07 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / HORTIFRUTI / TARDE

Tom está carregando caixas de frutas quando vê Laura Dagmar passando. Na mesma hora, larga tudo e vai correndo atrás da periguete.

CORTA PARA:

CENA 08 / MORRO D’ÁGUA / EXTERIOR / HORTIFRUTI / TARDE

Tom agarra Laura por trás e dá um beijo no cangote dela.

TOM – E aí? Quando é que tu vai assumir o nosso amor, hem, gata?
L. DAGMAR – (se soltando) Quando tu resolver ficar rico e famoso, gato.

Ela sai andando e Tom a pega pelo braço.

TOM – Para de preconceito, Laura Dagmar. Só porque eu sou pobre... E por acaso você também não é?
L. DAGMAR – Sou, mas quero sair da pobreza. E vem cá? Tu não tinha teste hoje não?
TOM – Tenho um trabalho na abertura de uma filial da “Cosméticos Brasil” hoje à noite.
L. DAGMAR – De quê?
TOM – Cover do Tom Cruise... Pode uma coisa dessas? Sou muito mais bonito que ele!
L. DAGMAR – (irônica) E mais rico também, né, Tom? Bem, vou nessa porque hoje o dia tá sendo puxado lá no salão.

Laura vai embora, deixando Tom com cara de taxo.

CORTA PARA:

CENA 09 / INTERIOR / ÔNIBUS / TARDE

Gilberto está dirigindo quando uns caras com cara de bandido dão sinal. Mesmo estranhando, ele para o ônibus e os deixa subir. Um deles mostra DISCRETAMENTE uma arma. Antes que Gilberto possa fazer alguma coisa, os bandidos passam pela catraca e se sentam nos fundos do ônibus.

CORTA PARA:
CENA 10 / EXTERIOR / BANCA / TARDE

Estevão acaba de comprar uma raspadinha. Na hora em que vai descobrir o resultado, Valmir aparece na esquina fumando um cigarro. Apressado, ele atravessa a rua e vai falar com o chefe.

ESTEVÃO – Oi, seu Valmir. Cheguei na hora hoje, não?
VALMIR – Tá dez minutos atrasado, incompetente. Agora anda logo porque a gente vai ter que levantar uma pilastra do prédio, digo, VOCÊS vão ter que levantar a pilastra. E sabe o porquê de vocês terem que levantar a pilastra? Porque vocês são pedreiros, gente pobre... Nunca vi gente rica fazer isso. Anda logo, maldito, tá fazendo o que aqui ainda?

Valmir volta pra obra.

MENTE DE ESTEVÃO

Estevão pega uma arma e atira na cabeça de Valmir. Em seguida, ele começa a rir sozinho e atirar pro alto.

REALIDADE

Estevão dá o dedo do meio por trás das costas do patrão e vai para o trabalho.

CORTA PARA:

CENA 11 / MORRO D’ÁGUA / EXTERIOR / PONTO DE ÔNIBUS / TARDE

Terezinha e Calixto se aproximam do ponto e ela aponta para ele se distanciar. Calixto obedece e ela chega sozinho ao ponto a fim de falar com Evanir.

TEREZINHA – (assustada) Evanir, o Gilberto tá aí?
EVANIR – Ele já saiu há muito tempo, Terezinha!
TEREZINHA – HÃ?
EVANIR – Mas não era pra você estar de repouso?

Terezinha corre e pega um táxi.

CENA 12 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / TÁXI / TARDE

TEREZINHA – Corre o mais rápido que você puder seguindo a mesma rota que segue essa linha de ônibus.

O taxista obedece.

CORTA PARA:

CENA 13 / MORRO D’ÁGUA / EXTERIOR / TARDINHA

Calixto faz o mesmo que Terezinha e Evanir observam.

CORTA PARA:

CENA 14 / EXTERIOR / OBRA / TARDINHA

Estevão espera Valmir sair de perto e ele raspa a raspadinha. Ele fica atônito com o resultado: R$ 200,000,000,00.

CORTA PARA:

CENA 15 / INTERIOR / ÔNIBUS / TARDINHA

Um dos bandidos levanta e saca uma arma, atirando para cima em seguida.

BANDIDO 1 – Essa porra é nossa!                                

As pessoas ficam desesperadas e um dos bandidos do grupo vai até a cabine de motorista, pondo uma arma na cabeça de Gilberto em seguida.

BANDIDO 1 – Motorista, tu só vai parar quando nós mandar.
GILBERTO – (assustadíssimo, suando) Tá certo, amigo.
BANDIDO 1 – Amigo o caralho, porra! Tu tá achando que sou teu amigo?
GILBERTO – Não, senhor!
BANDIDO 1 – Tá achando?
GILBERTO – Não, não!
BANDIDO 1 – Vou te mostrar o bandido.

Ele atira na cabeça do cobrador, que morre. As pessoas começam a gritar.

BANDIDO 2 – (do fundo do ônibus) Cala a boca, porra!
BANDIDO 1 – (para Gilberto) Só um aviso, piloto: acho melhor a tua irmã pagar o que deve.

Gilberto fica atônito.

GILBERTO – Quê?!

Impactado com a informação que acabou de ouvir, Gilberto acaba batendo em um poste.

CENA 16 / EXTERIOR / AVENIDA / TARDINHA

O ônibus vira e bate em vários veículos; entre eles carros, vans, motos e até em outros ônibus também. Todos eles rodopiam feito acrobatas, alguns até capotam. Vários veículos batem em um posto de gasolina, que explode em seguida. O fogo domina a avenida e os carros engavetam. O horror domina o ambiente. O ônibus que Gilberto estava dirigindo cai no rio que corta a avenida.

CORTA PARA:

CENA 17 / INTERIOR / ÔNIBUS / TARDINHA

As maiorias das pessoas estão mortas. Algumas com hematomas seríssimos causados com o corte dos vidros do ônibus. Outras estão gemendo e chorando pela dor causada com a morte dos outros e com a própria dor. Os bandidos estão mortos. Gilberto está com a cara no volante, cheio de sangue no rosto.
FIM DO CAPÍTULO 5

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